Sanduíche bauru é declarado patrimônio cultural imaterial de Bauru; veja a história e a receita oficial do lanche
13/11/2024
Lanche é um dos mais famosos do Brasil e teve sua receita consolidada no Livro de Registro de Saberes. Decreto foi publicado no Diário Oficial do Município. Sanduíche bauru é patrimônio cultural do estado de SP
Ponto Chic/Divulgação
O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (Codepac) declarou o sanduíche bauru como patrimônio cultural imaterial da cidade. Embora o lanche tenha o nome da maior cidade do centro-oeste paulista, sua história não começou em Bauru (SP), mas, sim, com um bauruense em São Paulo (SP).
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Foi na década de 1930 que o radialista Casemiro Pinto Neto, conhecido pelos amigos como Bauru, pediu o lanche pela primeira vez no famoso Ponto Chic, em São Paulo. Na época, ele cursava a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco (saiba mais abaixo).
Famoso sanduíche bauru foi criado no restaurante Ponto Chic, que fica na região central de SP
Divulgação
O sanduíche bauru já é considerado patrimônio cultural imaterial do estado de São Paulo desde 2018, mas a decisão de incluí-lo também como patrimônio de Bauru foi publicada no Diário Oficial da cidade no último dia 31 de outubro.
Com isso, o sanduíche foi registrado na categoria Modo de Fazer do Livro de Registro de Saberes, que documenta práticas culturais tradicionais.
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Lilian Henrique de Azevedo, secretária do Codepac de Bauru, explicou, em entrevista ao g1, que o registro funciona de maneira similar ao de um "livro-tombo", mas com foco nas instruções da receita original.
"Para o registro, funciona quase da mesma forma, mas o que se registra é o modo de fazer, ou seja, todos os detalhes sobre a tradição que envolve a criação desse bem cultural", explicou a secretária.
Com picles ou sem picles?
Uma das questões discutidas durante a pesquisa para o registro do lanche como patrimônio imaterial foi a inclusão ou não do picles.
Segundo a secretária, o lanche original pedido por Casemiro Pinto Neto não continha picles. O ingrediente foi acrescentado somente na década de 1950, quando o sanduíche já havia se tornado popular e começou a sofrer influência dos fast foods americanos.
"Uma das particularidades do sanduíche bauru é que, além do rosbife, ele se tornou tradicional também pelo picles. No entanto, o picles foi uma adição dos donos do Ponto Chic, influenciados pelos lanches norte-americanos. O próprio Big Mac, por exemplo, leva picles. Assim, o picles não fazia parte da receita original, mas foi incorporado na versão tombada", completou a secretária.
A receita registrada oficialmente como patrimônio é a seguinte:
Pão francês, sem o miolo na metade superior;
Fatias de rosbife com sal;
Tomate em rodelas, com orégano;
Queijo amarelo derretido na água;
Picles.
Confira como é preparado o tradicional sanduíche bauru
Importância do registro
O registro oficial do sanduíche bauru garante que, apesar das variações — como, por exemplo, a substituição do rosbife por presunto — a receita original se mantenha preservada. Dessa forma, é possível comparar as versões tradicionais com outras adaptações ao longo do tempo.
Em Bauru, o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedecon) emitem um certificado, renovado a cada dois anos, que atesta que o estabelecimento ou evento prepara o lanche conforme a receita original.
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Alguns dos estabelecimentos que receberam o certificado são:
Evento Viva Bauru, 2023;
Evento Celebra Bauru, 2024;
Empório Santa Emília (Boulevard Shopping - Bauru);
Empório Santa Terezinha (Ribeirão Preto) — mesma franquia do Empório Santa Emília.
História e lei municipal
A história do sanduíche bauru começa em 1936, quando Casemiro Pinto Neto, estudante de direito da Universidade de São Paulo, também conhecido pelo apelido de Bauru, frequentava o Ponto Chic, famoso bar de São Paulo.
Balcão do restaurante onde foi originário o sanduíche bauru
Ponto Chic/Divulgação
Em uma noite, com fome e atrasado para uma partida de sinuca, Casemiro pediu ao atendente Carlos para preparar um sanduíche diferente. Ele sugeriu que o pão francês fosse aberto e tivesse o miolo retirado, sendo recheado com queijo derretido, rosbife e tomate.
O lanche passou a ser chamado de bauru e logo se espalhou pela cidade. Outros clientes do Ponto Chic começaram a pedir o mesmo sanduíche, e ele rapidamente se tornou o carro-chefe do cardápio, consolidando o bar como um ponto de encontro tradicional.
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Nos anos 1990, a cidade de Bauru oficializou a receita original do sanduíche com a Lei Municipal 4314, sancionada em 1998, que registrou o bauru como produto típico da cidade.
Para eternizar um dos símbolo da cidade, uma estátua do lanche, apelidada de 'Bauruzinho', foi feita e colocada no Parque Vitória Régia nos anos 2000, mas acabou sendo furtada por estudantes, que a utilizaram para enfeitar sua república. Eles foram detidos e, em 2008, a estátua foi recuperada e reinaugurada no Terminal Rodoviário de Bauru, onde permanece até hoje.
Cidade paulista de Bauru tem monumento do Bauruzinho
Carlos Hinke/ Machine Cult
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